Caracterização anatômica e histoquímica das folhas de Eugenia uniflora L.

Autores

  • Rafaela Damasceno Sá
  • Asaph Santos Cabral de Oliveira Santana
  • Karina Perrelli Randau Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.24221/jeap.1.1.2016.1001.96-105

Palavras-chave:

anatomia, Eugenia uniflora, histoquímica, Myrtaceae, pitanga

Resumo

Eugenia uniflora L., popularmente conhecida como pitangueira, é uma importante frutífera muito utilizada na medicina tradicional brasileira para o tratamento de diarreia e disenteria, gripe, parasitas intestinais, febre, hipertensão e como calmante e diurético. Devido ao seu amplo interesse popular e com o intuito de ampliar as informações farmacobotânicas da espécie, este trabalho tem como objetivo realizar a caracterização anatômica e histoquímica das folhas de E. uniflora. Foram confeccionadas e analisadas em microscópico de luz lâminas semipermanentes contendo secções transversais de pecíolo e lâmina foliar, além de secções paradérmicas de lâmina foliar. Realizou-se também testes histoquímicos em secções transversais de lâmina foliar A análise microscópica permitiu a identificação de estruturas importantes na diagnose da espécie: cavidades secretoras no pecíolo e na lâmina foliar; cristais prismáticos no floema do pecíolo e da lâmina foliar, bem como no mesofilo e nas células parenquimáticas e colenquimáticas da nervura central; drusas estão presentes apenas no parênquima do pecíolo e no mesofilo, parênquima e colênquima da lâmina foliar; presença de cutícula espessa no pecíolo e na lâmina foliar; feixes vasculares bicolaterais e mesofilo dorsiventral, com parênquima paliçádico bisseriado. Através da histoquímica evidenciou-se na lâmina foliar a presença de compostos fenólicos, taninos, lignina, compostos lipofílicos, óleos essenciais, triterpenos e esteroides e cristais de oxalato de cálcio. Os resultados apresentados são úteis para a identificação correta da espécie.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Karina Perrelli Randau, Universidade Federal de Pernambuco

Departamento de Ciências Farmacêuticas Laboratório de Farmacognosia

Referências

ALMEIDA, C. E.; KARNIKOWSKI, M. G. O.; FOLETO, R.; BALDISSEROTTO, B. 1995. Analysis of antidiarrhoeic effect of plants used in popular medicine. Rev. Saúde Pública, v.29, n.6, p.428-433.

ALMEIDA, D. J.; FARIA, M. V.; SILVA, P. R. 2012. Biologia experimental em Pitangueira: uma revisão de cinco décadas de publicações científicas. Ambiência Guarapuava, v.8, n.1, p.177-193.

ALVAREZ, A. S.; SILVA, R. J. F. 2012. Anatomia foliar de espécies de Eugenia L. (Myrtaceae) oriundas da restinga de Algodoal/Maiandeua-Pará. INSULA Revista de Botânica, v.41, p.83-94.

ALVES, E. O.; MOTA, J. H.; SOARES, T. S.; VIEIRA, M. C.; SILVA, C. B. 2008. Levantamento etnobotânico e caracterização de plantas medicinais em fragmentos florestais de Dourados-MS. Ciênc. Agrotec., v.32, n.2, p.651-658.

ALVES, E. S.; TRESMONDI, F.; LONGUII, E. L. 2008b. Análise estrutural de folhas de Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) coletadas em ambientes rural e urbano, SP, Brasil. Acta Bot. Bras., v.22, n.1, p.241-248.

AMORIM, A. C. L.; LIMA, C. K. F.; HOVELL, A. M. C.; MIRANDA, A. L. P.; REZENDE, C. M. 2009. Antinociceptive and hypothermic evaluation of the leaf essential oil and isolated terpenoids from Eugenia uniflora L. (Brazilian Pitanga). Phytomedicine, v.16, p.923-928.

APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Bot. J. Lin. Soc., v.161, n.2, p.105-121.

ARAI, I.; AMAGAYA. S.; KOMATSU, Y.; OKADA, M.; HAYASHI, T.; KASAI, M.; ARISAWA, M.; MOMOSE, Y. 1999. Improving effects of the extracts from Eugenia uniflora on hyperglycemia and hypertriglyceridemia in mice. J. Ethnopharmacol., v.68, p.307-314.

AURICCHIO, M. T.; BACCHI, E. M. 2003. Folhas de Eugenia uniflora L. (pitanga): revisão. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v.62, n.1, p.55-61.

AZEREDO, C. M. O.; SANTOS, T. G.; MAIA, B. H. L. N. S.; SOARES, M. J. 2014. In vitro biological evaluation of eight different essential oils against Trypanosoma cruzi, with emphasis on Cinnamomum verum essential oil. BMC Complement. Altern. Med., v.14, n.309.

BIASI-GARBIN, R. P.; DEMITTO, F. O.; AMARAL, R. C. R.; FERREIRA, M. R. A.; SOARES, L. A. L.; SVIDZINSKI, T. I. E.; BAEZA, L. C.; YAMADA-OGATTA, S. F. 2016. Antifungal potential of plant species from Brazilian Caatinga against dermatophytes. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, v.58, n.18.

BORGES, R.; PEIXOTO, A. L. 2009. Conhecimento e uso de plantas em uma comunidade caiçara do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Bot. Bras., v.23, n.3, p.769-779.

BRASIL. 2003. Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília.

BRASIL. Ministério da Saúde. 2009. Plantas de interesse ao SUS. Disponível em: “http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sus/pdf/marco/ms_relacao_plantas_medicinais_sus_0603.pdf” [accessed 28 Setembro, 2016].

BRASIL. 2010. Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília.

BUKATSCH, F. 1972. Bemerkungen zur Doppelfärbung Astrablau-Safranin. Mikrokosmos, v.61, n.8, p.255.

CECÍLIO, A. B.; FARIA, D. B.; OLIVEIRA, P. C.; CALDAS, S.; OLIVEIRA, D. A.; SOBRAL. M. E. G.; DUARTE, M. G. R.; MOREIRA, C. P. S.; SILVA, C. G.; ALMEIDA, V. L. 2012. Screening of Brazilian medicinal plants for antiviral activity against rotavirus. J. Ethnopharmacol., v.141, p. 975-981.

CONDE, B. E.; SIQUEIRA, A. M.; ROGÉRIO, I. T. S.; MARQUES, J. S.; BORCARD, G. G.; FERREIRA, F. M.; CHEDIER, L. M.; PIMENTA, D. S. 2014. Synergy in ethnopharmacological data collection methods employed for communities adjacent to urban forest. Rev. Bras. Farmacogn., v.24, p.425-432.

CORTADI, A.; DI SAPIO, O.; GATTUSO, M. 1996. Caracteres anatómicos de tres espécies medicinales de la familia Myrtaceae. Acta Farm. Bonaerense, v.15, n.2, p.109-123.

DAVID, R.; CARDE, J. P. 1964. Coloration différentielle des inclusions lipidiques et terpéniques des pseudophylles du Pin maritime au moyen du réactif nadi. C. R. Acad. Sci. Paris, ser D, v.258, p.1338-1340.

DIAS, C. N.; RODRIGUES, K. A. F.; RESPLANDES, S. M.; AGUIAR, L. R.; AMARAL, F. M. M.; MORAES, D. F. C. Caracterização farmacobotânica das folhas de Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) coletadas em São Luís–MA, Brasil. Rev. Ciênc. Saúde, v.14 n.2, p. 95-102.

FEUCHT, W.; SCHMID, P. P. S. 1983. Selektiver histochemischer nachweis von flavanen (catechinen) mit p-dimethylaminozimtaldehyd in sprossen einiger obstgeholzi. Gartenbauwissenschaft, v.48, p.119-124.

FIUZA, T. S.; REZENDE, M. H.; SABÓIA-MORAIS, S. M. T.; BARA, M. T. F.; TRESVENZOL, L. M. F.; PAULA, J. R. 2008. Caracterização farmacognóstica das folhas de Eugenia uniflora L. (Myrtaceae). Rev. Eletrônica Farm., v.2, p.1-11.

FONTENELLE, G. B.; COSTA, C. G.; MACHADO, R. D. 1994. Foliar anatomy and micromorphology of eleven species of Eugenia L. (Myrtaceae). Bot. J. Linn. Soc., v.115, p.111-133.

FRANCESCHI, V. R.; NAKATA, P. A. 2005. Calcium oxalate in plants: formation and function. Annu Rev. Plant Biol., v.56, n.1, p.41-71.

HADDAD, A.; SESSO, A.; ATTIAS, M.; FARINA, M.; MEIRELLES, M. N.; SILVEIRA, M.; BENCHIMOL, M.; SOARES, M. J.; BARTH, O. M.; PADRÓN, T. S.; SOUZA, W. 1998. Técnicas básicas de microscopia eletrônica aplicadas às Ciências Biológicas. Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica, Rio de Janeiro.

JENSEN, W. A. 1962. Botanical histochemistry, principles and practice. W. H. Freeman, San Francisco.

JOHANSEN, D. A. 1940. Plant Microtechnique. Mc Graw Hill, New York.

JORGE, L. I. F.; OLIVEIRA, F.; KATO, E. T. M.; OLIVEIRA, I. 1994. Caracterização farmacognóstica das folhas e dos frutos de Eugenia uniflora L. Myrtaceae. Lecta, v.2, p.103-120.

KRAUS, J. E; ARDUIN, M. 1997. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. EDUR, Rio de Janeiro.

KRAUTER, D. 1985. Erfahrungen mit Etzolds FSA-Färbung für pflanzenschnitte. Mikrokosmos, v.74, p.231-233.

LEE, M. L.; NISHIMOTO, S.; YANG, L. L.; YEN, K. Y.; HATANO,T.; YOSHIDA, T.; OKUDA, Y. 1997. Two macrocyclic hydrolysable tannin dimers from Eugenia uniflora. Phytochemistry, v.44, n.7, p.1343-1349.

LIMA, R. A.; MAGALHÃES, S. A.; SANTOS, M. R. A. 2011. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas na cidade de Vilhena, Rondônia. Rev. Pesquisa & Criação, v.10, n.2, p.165-179.

LORCA, G. G.; AMAT, A. G.; GONZÁLEZ, C. 1995. Análisis comparativo de caracteres diagnósticos para la identificación de tres especies Argentinas de Myrtaceae empleadas en la medicina popular. Acta Farm. Bonaerense, v.14, n.2, p.81-86.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. 2002. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Instituto Plantarum, Nova Odessa.

LORENZI, H.; LACERDA, M. T. C.; BACHER, L. B. 2015. Frutas no Brasil: nativas e exóticas (de consumo in natura). Instituto Plantarum de Estudos da Flora, São Paulo.

LOZANO, A.; ARAÚJO, E. L.; MEDEIROS, M. F. T.; ALBUQUERQUE, U. P. 2014. The apparency hypothesis applied to a local pharmacopoeia in the Brazilian northeast. J. Ethnobiol. Ethnomed., v.10, n.2, p.1-17.

MACE, M. E.; BELL, A. A.; STIPANOVIC, R. D. 1974. Histochemistry and isolation of gossypol and related terpenoids in root of cotton seedlings. Phytophatol., v.64, p.1297-1302.

MACE, M. Z.; HOWELL, C. R. 1974. Histochemistry and identification of condensed tanin precursors in roots of cotton seedlings. Can. J. Bot., v.52, p.2423-2426.

MESSIAS, M. C. T. B.; MENEGATTO, M. F.; PRADO, A. C. C.; SANTOS, B. R.; GUIMARÃES, M. F. M. 2015. Uso popular de plantas medicinais e perfil socioeconômico dos usuários: um estudo em área urbana em Ouro Preto, MG, Brasil. Rev. Bras. Pl. Med., v.17, n.1, p.76-104.

METCALFE, C. R.; CHALK, K. L. 1950. Anatomy of the dicotyledons: leaves, stem, and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses. Clarendon, Oxford.

NETO, F. R. G.; ALMEIDA, G. S. S. A.; JESUS, N. G.; FONSECA, M. R. 2014. Estudo etnobotânico de plantas medicinais utilizadas pela Comunidade do Sisal no município de Catu, Bahia, Brasil. Rev. Bras. Pl. Med., v.16, n.4, p.856-865.

RODRIGUES, K. A. F.; AMORIM, L. V.; OLIVEIRA, J. M. G.; DIAS, C. N.; MORAES, D. F. C.; ANDRADE, E. H. A.; MAIA, J. G. S.; CARNEIRO, S. M. P.; CARVALHO, F. A. A. 2013. Eugenia uniflora L. essential oil as a potential anti-Leishmania agent: effects on Leishmania amazonensis and possible mechanisms of action. Evid. Based. Complement. Alternat. Med., v.2013.

SANTOS, K. K. A.; MATIAS, E F. F.; TINTINO, S. R.; SOUZA, C. E. S.; BRAGA, M. F. B. M.; GUEDES, G. M. M.; ROLÓN, M.; VEJA, C.; ARIAS, A. R.; COSTA, J. G. M.; MENEZES, I. R. A.; COUTINHO, H. D. M. 2012. Anti-Trypanosoma cruzi and cytotoxic activities of Eugenia uniflora L. Exp. Parasitol., v.131, p.130-132.

SANTOS, M. R. A.; LIMA, M. R., OLIVEIRA, C. L. L. G. 2014. Medicinal plants used in Rondônia, Western Amazon, Brazil. Rev. Bras. Pl. Med., v.16, n.3, p.707-720.

SANTOS, F. R.; BRAZ-FILHO, R.; CASTRO, R. N. 2015. Influência da idade das folhas de Eugenia uniflora L. na composição química do óleo essencial. Quim. Nova, v.8, n.36, p.762-768.

SASS, J. E. 1951. Botanical microtechnique. The Iowa State College Press, Ames, Second Edition.

SCHMEDA-HIRSCHMANN, G.; THEODULOZ, C.; FRANCO, L; FERRO, E. 1987. Preliminary pharmacological studies on Eugenia uniflora leaves: xanthine oxidase inhibitory activity. J. Ethnopharmacol,. v.21, p.183-186.

SCHUMACHER, N. S. G.; COLOMEU, T. C.; FIGUEIREDO, D.; CARVALHO, V. C.; CAZARIN, C. B. B.; PRADO, M. A.; MELETTI, L. M. M.; ZOLLNER, R. L. 2015. Identification and antioxidant activity of the extracts of Eugenia uniflora leaves. Characterization of the anti-inflammatory properties of aqueous extract on diabetes expression in an experimental model of spontaneous type 1 diabetes (NOD Mice). Antioxidants, v.4, p.662-680.

SILVA, N. C. C.; BARBOSA, L.; SEITO, L. N.; FERNANDES JUNIOR, A. 2012. Antimicrobial activity and phytochemical analysis of crude extracts and essential oils from medicinal plants. Nat. Prod. Res., v.26, n.16, p.1510-1514.

SILVA, J. D. A.; NASCIMENTO, M. G. P.; GRAZINA, L. G.; CASTRO, K. N. C.; MAYO, S. J.; ANDRADE, I. M. 2015. Ethnobotanical survey of medicinal plants used by the community of Sobradinho, Luís Correia, Piauí, Brazil. J. Med. Plants Res., v.9, n.32, p.872-883.

SOBRAL-SOUZA CE, LEITE NF, CUNHA FAB, PINHO AI, COSTA JGM, COUTINHO HDM. 2014. Avaliação da atividade antioxidante e citoprotetora dos extratos de Eugenia uniflora Lineau e Psidium sobraleanum Proença & Landrum contra metais pesados. Rev. Cienc. Salud. v.12, n.3, p.401-409.

SOBRAL, M.; PROENÇA, C.; SOUZA, M.; MAZINE, F.; LUCAS, E. 2016. Myrtaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: “http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB10560” [acesso 28 Setembro, 2016].

SOUZA, V. C.; LORENZI, H. 2005. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação de famílias de Angiospermas da flora Brasileira, baseado em APG II. Instituto Plantarum, Nova Odessa.

TEIXEIRA, M. P.; CRUZ, L.; FRANCO, J. L.; VIEIRA, R. B.; STEFENON, V. M. 2016. Ethnobotany and antioxidant evaluation of commercialized medicinal plants from the Brazilian Pampa. Acta Bot. Bras., v.30, n.1, p.47-59.

VÁSQUEZ, S. P. F.; MENDONÇA, M. S.; NODA, S. N. 2014. Etnobotânica de plantas medicinais em comunidades ribeirinhas do Município de Manacapuru, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, v.44, n.4, p.457-472.

VICTORIA, F. N.; ANVERSA, R. G.; SAVEGNAGO, L.; LENARDÃO, E. J. 2013. Essential oils of E. uniflora leaves protect liver injury induced by acetaminophen. Food Bioscience, v.4, p.50-57.

Publicado

2016-10-13

Como Citar

Sá, R. D., Santana, A. S. C. de O., & Randau, K. P. (2016). Caracterização anatômica e histoquímica das folhas de Eugenia uniflora L. Journal of Environmental Analysis and Progress, 1(1), 96–105. https://doi.org/10.24221/jeap.1.1.2016.1001.96-105