Quando o estilo é de morte e os gostos são por túmulos

Autores

  • Roberto Barreto Marques Barreto Marques Universidade Federal de Pernambuco

Palavras-chave:

Túmulos, estilos de vida, distinção, gosto, morte

Resumo

O presente artigo analisa os túmulos de um cemitério do Recife sob o aparato conceitual do sociólogo Pierre Bourdieu, considerando-os ícones simbólicos de distinção social de diferentes elites que viveram e morreram na capital pernambucana entre os anos de 1854 e 1930. Portanto quebra uma premissa popular corriqueira e simples que defende uma igualdade após a morte ao argumentar que, mesmo no derradeiro momento existencial, há uma busca por perenidade intimamente ligada com os estilos de vida do morto e família.

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Biografia do Autor

Roberto Barreto Marques Barreto Marques, Universidade Federal de Pernambuco

Graduado em Ciências Sociais (UFRPE), Mestre em antropologia (UFPE) e doutorando em antropologia (UFPE). Atualmente estuda a sociabilidade entre mortos e vivos no município de Floresta - PE

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Publicado

2018-07-27

Como Citar

Marques, R. B. M. B. (2018). Quando o estilo é de morte e os gostos são por túmulos. Revista Cadernos De Ciências Sociais Da UFRPE, 1(12), 32–59. Recuperado de https://journals.ufrpe.br/index.php/cadernosdecienciassociais/article/view/1863