A Sociedade de Risco no Contexto Agrário: Expansão do agronegócio e resistências agroecológicas em Pernambuco

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52719/bjas.v0i0.2286

Resumo

Com o advento do agronegócio a partir da década de 60 do século passado e suas transformações e expansão cada vez mais crescente, nos vemos inseridos em uma sociedade que vive em um constante risco ambiental e de saúde. A mecanização do campo, a utilização de toneladas de agrotóxicos nas plantações, a modificação dos genes das sementes se torna cada vez mais presente no nosso cotidiano, seja nas chamadas zonas rural ou urbana. A agricultura camponesa, praticada há milênios, perde seus territórios e luta diariamente para resistir à imposição que tanto o Estado quanto as empresas financiam. No Estado de Pernambuco o agronegócio está presente em todas as 05 mesorregiões existentes, de forma marcante na cana-de-açúcar e no polo da fruticultura irrigada. Tendo a teoria da Sociedade de Risco por Ulrich Beck em 1986 como base para o conceito de risco na sociedade moderna, o presente trabalho tem por objetivos debater os modelos de produção vigentes no Brasil e no Estado de Pernambuco, elencando os riscos causados pelo agronegócio, bem como por outro lado as experiências agroecológicas encontradas no âmbito estadual. Utilizou-se o método quali-quantitativo, buscando responder as questões levantadas através do levantamento e análise de dados e de estudos bibliográficos. Dessa forma, pôde-se concluir que há uma diversidade de lutas do campesinato, que são entendidas como forma de resistências e enfrentamento ao modelo convencional de desenvolvimento em vigência no Brasil e no Estado de Pernambuco.

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Biografia do Autor

Liara Silva Medeiros, Universidade Federal de Pernambuco

Graduada do curso de Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestranda de Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Integrante do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Práticas em Agroecologia e Geografia (NEPPAG-Ayni) vinculado ao Departamento de Ciências Geográfica (DCG) da UFPE.

Mônica Cox de Britto Pereira, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora em Ciências Sociais - Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pelo CPDA-UFRRJ, Mestre em Ciências Biológicas pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro - UFRJ, Graduada em Ciências Biológicas - Ecologia pela UFRJ. Professora Associada da Universidade Federal de Pernambuco, do Departamento de Ciências Geográficas, do Programa de Pós-Graduação em Geografia, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFPE. Desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Coordena o NEPPAG - Núcleo de Educação, Pesquisa e Práticas em Agroecologia e Geografia. Atua nas seguintes áreas: Ecologia Política, Conflitos Sócioambientais Territoriais, Agroecologia, Epistemologias do Sul, Construção do Conhecimento Agroecológico, Sociedade e Natureza, Reforma Agrária e Meio Ambiente,Agricultura e Unidades de Conservação, Movimentos Sociais, Campesinato, Populações Tradicionais, Extensão, Ordenamento Territorial e Ambiental. Participa da Renda - Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia. Coordenou Projeto Renda - 2015 a 2017.

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Publicado

2019-07-03

Como Citar

Medeiros, L. S., & Pereira, M. C. de B. (2019). A Sociedade de Risco no Contexto Agrário: Expansão do agronegócio e resistências agroecológicas em Pernambuco. Brazilian Journal of Agroecology and Sustainability. https://doi.org/10.52719/bjas.v0i0.2286

Edição

Seção

Artigos