O INDÍGENA MEDIEVAL

O PARALELISMO ENTRE O INDIANISMO BRASILEIRO E O TROVADORISMO EUROPEU

Autores

  • Maria Clara Pereira da Silva UFRPE

Palavras-chave:

Indianismo, Trovadorismo, Estereotipificação, Movimento literário, Herói nacional

Resumo

Este artigo tem por intuito promover uma reflexão sobre até que ponto se sustenta o paralelismo entre o indianismo brasileiro e o trovadorismo europeu. Para isso, foram analisadas a contribuição intelectual de filósofos como Rousseau e Herder e a literatura indianista de José de Alencar e Gonçalves Dias. Assim, o indianismo foi um movimento literário que surgiu no cenário de pós-independência brasileira e tinha no indígena americano a figura do novo herói nacional. Todavia, esse herói foi representado em moldes europeizados, inspirado na poesia trovadoresca e no código de conduta dos cavaleiros medievais. Refletindo o projeto de sociedade que a elite burguesa e latifundiária brasileira almejava na época, essa visão estereotipada foi capaz de petrificar o retrato das identidades culturais de povos indígenas e ignorar suas multiplicidades. Desse modo, essa construção literária reforça um imaginário popular recheado de generalizações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALENCAR, José de. “Carta ao Dr. Jaguaribe” In: Iracema: Lenda do Ceará. 1ª ed. Rio de Janeiro: Tip. de Vianha & Filhos, 1865.

ALENCAR, José de. Iracema: lenda do Ceará. 36. ed. São Paulo: Ática, 2000.

ALENCAR, José de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960.

ALENCAR, José de. O Gaúcho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1951c, v. IX.

ALENCAR, José de. O Guarani. 3. ed. São Paulo: Martin Claret, 2001.

ALENCAR, José de. Sonhos D’Ouro. 3. ed. São Paulo: Editora Ática, 2006.

BANDEIRA, Manuel. Gonçalves Dias: esboço biográfico. Rio de Janeiro: Pongetti, 1952.

BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. 2.ed. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.

BRASIL. Lei no 11.645, de 10 de março de 2008. 2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm>. Acesso em: 05 fev. 2025.

CÂNDIDO, A. Formação da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1969.

CARPEAUX, O. M. O Romantismo, In: História da Literatura Ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1962. Parte VII.

COUTINHO, Afrânio (dir.). A literatura no Brasil. (Romantismo). 2. ed. Rio de Janeiro: Editorial Sul Americana, 1969. v. 2.

COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.

DALCASTAGNÈ, Regina. A personagem do romance brasileiro contemporâneo: 1990-2004. Estudos de literatura brasileira contemporânea. Brasília, n. 26, p. 13-71, jul./dez. 2005.

DENIS, Ferdinand. Resumo da história literária do Brasil. In: CÉSAR, Guilhermino. Historiadores e críticos do romantismo – 1: a contribuição europeia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Edusp, 1978.

DIAS, Gonçalves. Primeiros Cantos. 1. ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1998.

HASENBALG, Carlos. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

HERDER, Johann Gottfried. Escritos sobre Estética e Literatura. 1. ed. São Paulo: Edusp, 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Anuário Estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro, 1999. v.58, p.1-143-1-152.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Os Indígenas no Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

INSTITUTO SEMESP. Alunos Declarados Indígenas no Ensino Superior Aumentam 374%. São Paulo: Semesp, 2023. Disponível em: <https://www.semesp.org.br/semesp/2023/04/19/alunos-declarados-indigenas-no-ensino-superior-aumentam-374/>. Acesso em: 05 fev. 2025.

KARNAL, Leandro. Tão longe de mim distante. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 16 set. de 2018. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/cultura/tao-longe-de-mim-distante/>. Acesso em: 05 fev. 2025.

MAGALHÃES, Gonçalves de. Discurso sobre a História da Literatura do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1994.

MARTINS, Wilson. A Crítica Literária no Brasil. Vol. I. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.

MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira. São Paulo: Cultrix, 1978, 4v.

MIGNOLO, Walter. Histórias locais, projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 1994.

MONTAIGNE, Michel de. Dos Canibais. 1. ed. São Paulo: Alameda Editorial, 2009.

MORE, Thomas. Utopia. 1. ed. São Paulo: Penguin-Companhia, 2018.

NEGRÃO. Esmeralda. V. Preconceitos e discriminações raciais em livros didáticos e infanto-juvenis. Diagnóstico sobre a situação educacional de negros (pretos e pardos) no Estado de São Paulo. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1986.

PROENÇA, M. Cavalcante. “José de Alencar na literatura brasileira” In: ALENCAR, José de. Obra Completa. Vol. I. Rio de Janeiro: Aguilar, 1956, [publicado separadamente em livro, com o mesmo título, pela Civilização Brasileira em 1966].

RAMOS, Frederico José da Silva. Grandes Poetas Românticos do Brasil. 1. ed. São Paulo: LEP, 1952.

SILVA. Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador: Edufba/Ceao, 1995.

SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira: seus fundamentos econômicos. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.

Downloads

Publicado

2025-06-30

Como Citar

Pereira da Silva, M. C. (2025). O INDÍGENA MEDIEVAL: O PARALELISMO ENTRE O INDIANISMO BRASILEIRO E O TROVADORISMO EUROPEU. Revista Caboré, 1(11), 90–106. Recuperado de https://journals.ufrpe.br/index.php/revistacabore/article/view/7730

Edição

Seção

ARTIGOS