Uso da Thuya occidentalis no tratamento da papilomatose bovina: aspectos clínicos, histopatológicos e moleculares
Resumo
Teve-se como objetivo avaliar a eficácia de Thuya occidentalis, no tratamento da papilomatose cutânea em bovinos leiteiros por meio dos aspectos clínicos, histopatológicos e moleculares. Foram utilizadas fêmeas (n = 40) mestiças de holandês criadas semi-intensivamente, com diferentes tipos de papilomas cutâneos (típicos, atípicos, atípicos engastados, filamentosos e mistos) de graus leve (25% do corpo acometido), moderado (50% do corpo acometido) e intenso (mais de 50% do corpo acometido). Nos experimentos I e II, os animais foram distribuídos em 4 grupos, sendo que os grupos 1 e 2 (controles) receberam, respectivamente, solução fisiológica e álcool de cereal e os grupos 3 e 4 receberam, respectivamente, os medicamentos fitoterápicos Thuya occidentalis - tintura mãe a 30% e Thuya occidentalis - tintura mãe a 30% com própolis. Os animais foram diariamente tratados, por via oral, com 10 mL dos produtos durante 63 dias. Para avaliação histopatológica, 50% dos animais foram submetidos à biópsia cutânea das lesões no momento zero e no momento final. Não foram observadas regressões parcial e total em nenhum grupo, uma vez que durante as avaliações clínicas e histopatológicas, em todos os momentos e grupos, os papilomas não apresentaram alterações macroscópicas de remissão, coloração e consistência. Nas análises histopatológicas foram verificadas alterações hiperplásicas epiteliais e conjuntivas, com extenso crescimento vegetativo do epitélio com cristas epidérmicas extensas e profundas, resultados que caracterizam fase de desenvolvimento com replicação e síntese viral, achado característico de papilomatose. Pode-se concluir que a papilomatose cutânea em bovinos leiteiros apresenta predileção por áreas específicas. Os papilomas estavam mais presentes no abdômen lateral, barbela e focinho, apresentando lesões mistas seguidas de basais e o uso das tinturas a 30% de Thuya occidentalis e Thuya occidentalis com própolis, nas condições experimentais deste trabalho, não provocam remissão de papilomas em bovinos leiteiros. No experimento III utilizou-se o medicamento homeopático Thuya occidentallis CH6. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos. Os grupos 1 e 2 (controles) receberam, respectivamente, solução fisiológica e álcool de cereal e o grupo 3 recebeu a Thuya occidentalis CH6 na forma de tratamento. Nos três grupos a administração de 10 mL dos produtos por via oral foi diária por 63 dias. As avaliações histopatológicas foram realizadas com amostras dos papilomas colhidas por biópsia cutânea no momento zero e no momento fina. As regressões parcial e total ocorreram apenas no grupo 3 (Thuya occidentalis CH6), observando-se queda das verrugas em 20% dos animais deste grupo, além de regressão parcial em 80% nos animais restantes, com alterações macroscópicas de coloração e tamanho, achado confirmado pelo exame histopatológico. Na análise histológica observou-se redução da camada espinhosa em todos os animais do grupo tratado (G3), evidenciando-se redução nas camadas epiteliais, com tecido conjuntivo da papila dérmica apresentando fibroblastos ativos e capilares e raras células inflamatórias linfocitárias. Conclui-se que a Thuya occidentalis CH6 contribuiu no tratamento de papilomas pedunculados em bovinos, podendo ser indicada na presença desta infecção. Estudos com a Thuya occidentalis CH6 devem ter continuidade com bovinos portadores de papilomas basais, com período de tratamento superior a 63 dias. O experimento IV teve como objetivo identificar o BPV-2 em amostras de verrugas cutâneas de bovinos, utilizando a Reação em Cadeia pela Polimerase. Utilizando-se os primers gerais (FAP59/64 e MY 11/09) e específico para BPV-2, obteve-se uma positividade de 33 (82,5%) das 40 amostras analisadas. Assim, conclui-se que a presença da BPV no Estado de Pernambuco está em concordância com os achados mundiais, destacando-se a importância do diagnóstico no controle da infecção e, conseqüentemente, na adoção de uma terapia específica. Os resultados evidenciaram as propriedades terapêuticas do medicamento homeopático Thuya occidentallis CH6, concluindo-se que seu uso contribue no tratamento da papilomatose cutânea de bovinos, ressaltando a necessidade de estudos por períodos superiores a 63 dias com a Thuya occidentalis fitoterápica em bovinos portadores de papilomatose cutânea. As dosagens séricas de AST, GGT, uréia e creatinina revelaram que a planta utilizada neste estudo, durante 63 dias, não é capaz de causar alterações hepáticas e renais em bovinos com papilomatose cutânea.Downloads
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Publicado
12-09-2011
Como Citar
Monteiro, V. (2011). Uso da Thuya occidentalis no tratamento da papilomatose bovina: aspectos clínicos, histopatológicos e moleculares. Medicina Veterinária, 1(1), 93–94. Recuperado de https://journals.ufrpe.br/index.php/medicinaveterinaria/article/view/729
Edição
Seção
Clínica e cirurgia de pequenos animais
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