Padrões espaço-temporais dos acidentes ofídicos no estado de Minas Gerais, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.24221/jeap.7.4.2022.4857.213-226Palavras-chave:
Epidemiologia, Répteis, Saúde Pública, SerpentesResumo
Acidentes ofídicos são considerados um problema de saúde pública. O Brasil é 3º país com mais casos de acidentes. O Ministério da Saúde do Brasil criou o Sistema de Informações de Agravos e Notificações (SINAN), possibilitando o acompanhamento dos casos para cada estado. Minas Gerais apresenta altos índices de acidentes ofídicos, o que pode estar relacionado a proporção de trabalhadores rurais e à considerável contribuição agropecuária ao PIB estadual. Assim, nosso objetivo foi avaliar o perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos no estado de Minas Gerais para servir como base para estratégias eficientes de diminuição de acidentes e no socorro às vítimas. Obtivemos dados de acidentes do SINAN ocorridos entre 2007 e 2019. Encontramos diferenças significativas entre os números de casos por ano, com aumento gradual dos registros, como também maiores registros de ocorrência nos meses chuvosos (janeiro a abril). As vítimas acometidas são, principalmente, homens, de 20 a 60 anos, perfil da maioria dos trabalhadores rurais. A alta porcentagem de cura das vítimas pode estar relacionada à agilidade do atendimento, como, também, ao fato da maior proporção de casos leves e moderados no estado. O gênero Bothrops apresentou maiores índices de acidentes seguido por Crotalus, Micrurus e Lachesis, respectivamente. As regiões com maiores índices de acidentes ofídicos estão associadas à maior população rural e à agropecuária, sendo o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e Norte de Minas com as maiores taxas de acidentes per capita e Zona da Mata e Oeste de Minas com menores taxas.Downloads
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