Sítios arqueológicos como indicadores de geodiversidade: uma análise na Planície Costeira do Rio Grande do Sul
DOI:
https://doi.org/10.24221/jeap.9.1.2024.5847.001-011Palavras-chave:
Sensoriamento remoto, Geoconservação, geopatrimônio, planície costeiraResumo
A Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), como outras regiões costeiras do mundo, é um hotspot de geodiversidade. Em toda a sua extensão, existem apenas quatro geossítios inventariados pelo cadastro do Serviço Geológico do Brasil (SGB – CPRM), sendo três deles com interesse arqueológico associado. Assim, com poucos geossítios na PCRS, seria possível inventariar áreas de interesse para estudos de geodiversidade a partir de sítios arqueológicos? Para validar a hipótese, foi realizada uma análise geoespacial no norte da PCRS, a partir de um mapa de Kernel construído com 179 pontos de sítios arqueológicos. Foram identificadas áreas de interesse muito alto no extremo norte da PCRS e na região do Lago Guaíba. As regiões em questão apresentam estudos de geodiversidade e geoconservação, o que permitiu entender que sítios arqueológicos da tradição indígena Guarani podem funcionar como indicadores de áreas de interesse. No entanto, a falta de sítios georreferenciados implicou na diminuição da abrangência das áreas de interesse muito alto e estudos de campo são necessários para averiguar aspectos de geodiversidade dos locais apontados pelo mapa de Kernel.Downloads
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