Conhecimento que Vale Ouro: Química e Cultura Negra para Educação Escolar Quilombola

Autores

  • Caio Ricardo Faiad USP
  • Gabriela Aparecida de Lima
  • Cátia Cristina Bocaiuva Maringolo

Palavras-chave:

Interdisciplinaridade, Oxum, Canção, Arte Afro-Brasileira

Resumo

O Art. 1º e o Art. 8º Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica estabelecem os princípios da educação escolar quilombola e orientam que esta deve ser fundamentada, informada e alimentada pelas práticas e patrimônios culturais das próprias comunidades quilombolas. A partir da história brasileira e da constituição dos assentamentos quilombolas em território nacional, defende-se que o tema mineração é uma das possibilidades de incorporar saberes tradicionais no Ensino de Química como forma de reconhecimento e valorização desses saberes. O presente trabalho visa apresentar uma proposta de articulação da cultura negra e conhecimentos de Química a partir da canção “Francisco de Oxum”, por meio da metodologia dos estudos comparados. Com essa articulação interdisciplinar é possível modificar a narrativa tradicional sobre a contribuição da população negra para a economia do Brasil Colônia, além de contribuir para que a história das comunidades quilombolas não se diluam ao longo do tempo e que prepare as comunidades, também por meio da educação escolar, para decisões políticas a respeito de suas terras.

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Publicado

2021-12-26

Como Citar

Faiad, C. R., Lima, G. A. de, & Maringolo, C. C. B. (2021). Conhecimento que Vale Ouro: Química e Cultura Negra para Educação Escolar Quilombola. Revista Debates Em Ensino De Química, 7(2), 38–53. Recuperado de https://journals.ufrpe.br/index.php/REDEQUIM/article/view/4213