Narrativas e aprendizados do colonialismo: mestiçagem, nação e identidade pós-colonial a partir de Viva o Povo Brasileiro
Palavras-chave:
Sociologia da cultura, pensamento social brasileiro, identidade pós-colonialResumo
Resumo De uma perspectiva histórica, as narrativas que compreendem identidades excluídas do processo histórico brasileiro tanto motivaram movimentos de vanguarda nas artes e na ciência, como serviu de objeto de reflexão para intelectuais brasileiros ao longo do século XX. Publicado em 1984, o romance Viva o Povo Brasileiro nos oferece um retrato sociológico do que seria um ideal de mestiçagem brasileiro, frente aos desafios enfrentados por vozes excluídas de um processo de concepção da história que o autor, a partir de uma narrativa ficcional, busca reconstruir. Neste trabalho, sugerimos uma abordagem do romance à luz do pensamento social e da teoria pós-colonial, enfocando como os negros e mulatos estiveram presentes no processo de construção nacional e de seus ideários, sobretudo ao silenciar outros processos de afirmação e de concepção de identidades, a exemplo da presença da herança africana neste processo como um todo, como traz o romance. Entre a história e a ficção, o ‘mundo da obra’, como distingue Paul Ricoeur, nos aproxima da perspectiva de um pensamento social produzido pela literatura sobre temas caros ao modo como o Brasil se pensa. Os processos de concepção do ‘Outro’ ou do ‘Mesmo’ em Viva o Povo Brasileiro nos desafiam a encarar este ‘Outro’ disseminado dentro de uma mesma nação, excluídos em suas próprias vozes e imersos dentro de um processo dentro da literatura e do pensamento brasileiro. Palavras-chave: pensamento social brasileiro, alteridade, identidade pós-colonial, literatura brasileira, sociologia da cultura.Downloads
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