A acumulação (muito mais do que) primitiva como elo entre capitalismo, colonialismo e patriarcado

Autores

  • Maurício Hashizume Professor substituto – Curso de Jornalismo Universidade Federal do Tocantins (UFT) Pesquisador júnior - Centro de Estudos Sociais (CES) Universidade de Coimbra (UC)

Palavras-chave:

Capitalismo, Colonialismo, Patriarcado

Resumo

Como parte de uma poderosa engrenagem crítica de desconstrução do modo de produção capitalista com base no materialismo histórico e dialético, Marx formulou, em sua obra mais conhecida (O Capital), a concepção de “acumulação primitiva”, considerada como o ponto de partida da produção capitalista, isto é, como uma espécie de “pecado original” do sistema capitalista. Intelectuais e militantes como Rosa Luxemburgo e, mais recentemente, Silvia Federici e David Harvey, entre muitas/oss outras/os analistas, têm apontado para aspectos complementares que envolvem um senso mais alargado e contínuo dessa ideia de “acumulação”. Para além dos cercos de sua condição “primitiva” (quando da sua formação histórica a partir da expansão colonial do final dos séculos XV e XVI) ou somente “capitalista” (em sua fase mais “desenvolvida” na esteira da Revolução Industrial), o conceito tem sido submetido a distintas abordagens mais ampliadas que reforçam a conexão intrínseca entre capitalismo, colonialismo e patriarcado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maurício Hashizume, Professor substituto – Curso de Jornalismo Universidade Federal do Tocantins (UFT) Pesquisador júnior - Centro de Estudos Sociais (CES) Universidade de Coimbra (UC)

Investigador do Projeto ALICE - Espelhos Estranhos, Lições Imprevistas, coordenado por Boaventura de Sousa Santos, e doutorando em Sociologia (Programa de Pós-Colonialismos e Cidadania Global) no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC). Mestre em Sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (2010), concluiu dissertação sobre a formação do movimento katarista, especialmente em seu período inicial (1969-1985), que tem papel relevante na consolidação dos movimentos indígenas, originários e camponeses na Bolívia. É graduado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela mesma universidade (2001). Vem atuando há mais de uma década como jornalista (com diversos trabalhos de investigação, reportagem e cobertura, especialmente na área social). No campo acadêmico, trabalha com os seguintes temas: protagonismo político, movimentos indígenas, colonialidades/descolonialidades, estudos pós-coloniais/descoloniais, interculturalidade, sociologia política, autonomias e transformação social.

Referências

Ashcroft, B; Griffiths, G.; Tiffin, H. (2007) [2000], Post-colonial studies: The Key concepts, 2 ed., London: Routledge.

Bhambra, Gurminder (2007), Rethinking Modernity – Postcolonialism and the sociological imagination, London: Palgrave Macmillan.

Braudel, Fernand (1984), The Perspective of the World (Civilization and Capitalism 15th-18th Century, Vol. III), London: Collins.

Brenner, Robert [1987] (1977), “Agrarian Class Structure and Economic Development in Pre-Industrial Europe”, in Ashton e Phipin (org.) (1987), The Brenner Debate: Agrarian Class Structure and Economic Development in Pre-Industrial Europe (Past and Present Publications), Cambridge University Press.

Césaire, Aimé (2006) [1955], Discurso sobre el colonialismo, Madrid: Akal.

Fanon, Frantz (2010) [1952], Piel Negra, Máscaras Blancas, Madrid: Akal.

Federici (2010) [1984], El Caliban y la bruja. Mujeres, cuerpo y acumulación originaria, Traficantes de Sueños: Madrid, 2010.

Ferreira, Andrey Cordeiro (2014), “Colonialismo, capitalismo e segmentaridade: nacionalismo e internacionalismo na teoria e política anticolonial e pós-colonial”, Revista Sociedade e Estado, vol 29, n 1 (Janeiro/Abril): 255-288.

Grosfoguel. R. e Cervantes-Rodríguez, A. M. (2002), The Modern/Colonial/Capitalist World-System in the Twentieth Century: Global Processes, Antisystemic Movements, and the Geopolitics of Knowledge, New York: Praeger

Grosfoguel, Ramón (2011), “La descolonización del conocimiento: diálogo crítico entre la visión descolonial de Frantz Fanon y la sociología descolonial de Boaventura de Sousa Santos”, in Formas-Otras: Saber, nombrar, narrar, hacer, Barcelona: CIDOB Edicions (Colección Monografías): 97-108.

Gunder Frank, A. e Gills, B. (2014) [1993], “The 5.000-Year Old System – An interdisciplinary introduction”, in Andre Gunder Frank e Barry K. Gills, The World System: Five Hundred Years or Five Thousand?, London and New York: Routledge: 3-55.

Gunder Frank, Andre (1969), Latin America: Underdevelopment or Revolution, New York: Monthly Review Press.

Harvey, David (2011), The Enigma of Capital and the Crises of Capitalism, London: Profile Books.

Hilton, Rodney H. (1987), “Introduction”, in Aston , T. H. e Philpin, C. H. E. (eds.) (1985), The Brenner debate: agrarian class structure and economic development in pre-industrial Europe, Cambridge: Cambridge University Press: 5-9.

Levinson, Daniel J. (1950), “The Study of Ethnocentric Ideology”, in Theodor Adorno et al, The Autoritarian Personality, Nova Iorque: Harper & Brothers/American Jewish Committee: 102-150.

Loureiro, Isabel (2015), “A menos eurocêntrica de todos - Rosa Luxemburgo e a acumulação primitiva permanente”, in Jörn Schütrumpf (org.), Rosa Luxemburgo e o preço da liberdade, São Paulo: Fund. Rosa Luxemburgo: 97-107.

Löwy, Michael (2015), “Imperialismo ocidental versus comunismo primitivo – Uma releitura dos escritos econômicos de Rosa Luxemburgo”, in Jörn Schütrumpf (org.), Rosa Luxemburgo e o preço da liberdade, São Paulo: Fund. Rosa Luxemburgo: 87-96.

Luxemburgo, Rosa (1985) [1913], A Acumulação de Capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. São Paulo: Abril Cultural

Marcos, Subcomandante Insurgente (EZLN) (2008), Nem o centro e nem a periferia – sobre cores, calendários e geografias, Erahsto Felício e Alex Hilsenbeck (orgs.), tradução de Coletivo Protopia S.A. e Danilo Ornelas Ribeiro, Porto Alegre: Deriva.

Marx, Karl (2008) [1859], Contribuição à crítica da economia política, tradução e introdução de Florestan Fernandes, 2 ed, São Paulo: Expressão Popular.

Marx, Karl (1996) [1867], O capital: crítica da economia política. Volume I, Livro Primeiro: O Processo de produção do capital; Regis Barbosa e Flávio R. Kothe (trad.), São Paulo: Nova Cultural.

Marx, K. e Engels. F. (2007) [1846], A Ideologia Alemã, tradução de Luiz Claudio de Castro e Costa, 3ª ed, São Paulo: Martins Fontes.

Meiksins Wood, Ellen (1981), “The Separation of the Economic and the Political in Capitalism”, New Left Review 127: 66-95.

Muyolema, Armando C. (2001), “De la ‘cuestión indígena’ a lo ‘indígena’ como cuestionamiento. Hacia una crítica del latinoamericanismo, el indigenismo y el mestiz(o)aje”, in Ileana Rodríguez (ed.), Convergencia de tiempos. Estudios subalternos/contextos latinoamericanos estado, cultura, subalternidad, Amsterdam: Rodopi: 327-364.

Perelman, Michael (2000), The Invention of Capitalism – classical political economy and the secret History of primitive accumulation. North Carolina: Duke University Press

Rudra, Ashok (1987), “The Transition Debate: Lessons for the Third World Marxists”, Science & Society, vol 51, n 2: 170-178.

Said, Edward (1983), The World, The Text, and the Critic, Cambridge: Harvard University Press.

Santos, Boaventura de Sousa (2002), “Para um sociologia das ausências e uma sociologia das emergências”, Revista Crítica de Ciências Sociais (RCCS) 63: 237-280.

Santos, Boaventura de Sousa (2009), “Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes”, in Santos, Boaventura de Sousa e Meneses, Maria Paula (orgs.), Epistemologias do Sul. Coimbra: Editora Almedina, 23-71.

Santos, Boaventura de Sousa (2013) [1994], Pela mão de Alice – O Social e o Político na Pós-Modernidade, Coimbra: Almedina.

Silver, B. J. e Slater, E. (2001), “Los orígenes sociales de las hegemonías mundiales”, in Giovanni Arrighi e Beverly J. Silver (eds.), Caos y orden el sistema-mundo moderno, Madrid: Akal: 157-221.

Subrahmanyan, Sanjay (1997), “Connected Histories: Notes towards a Reconfiguration of Early Modern Eurasia”, Modern Asian Studies 31/3: 735-762.

Wallerstein, Immanuel (2004) [1974], “El ascenso y futura decadencia del sistema-mundo capitalista: conceptos para un análisis comparativo”, in Imannuel Wallerstein, Capitalismo histórico y movimientos antisistémicos. Un análisis de sistemas-mundo, Madrid: Akal: 85-114.

Downloads

Publicado

2018-04-21

Como Citar

Hashizume, M. (2018). A acumulação (muito mais do que) primitiva como elo entre capitalismo, colonialismo e patriarcado. Revista Cadernos De Ciências Sociais Da UFRPE, 2(11), 32–61. Recuperado de https://journals.ufrpe.br/index.php/cadernosdecienciassociais/article/view/1741