Do evolucionismo biológico ao evolucionismo cultural
uma análise sobre Os Sertões de Euclides da Cunha no contexto de formação da antropologia no Brasil
Palavras-chave:
Os Sertões, evolucionismo, antropologia, mestiçagem, Nina Rodrigues, Roquette-PintoResumo
Os Sertões de Euclides da Cunha pode ser considerado, assim como afirmava Florestan Fernandes, um divisor de águas no período de formação das ciências sociais no país (apud REZENDE, 2001, p.202). A influência da obra no pensamento do século XX e seu caráter inesgotável ainda hoje são explicados pelo valores antropológico e sociológico incipientes e histórico-geográfico, além de todas as outras contribuições para o conhecimento desta porção isolada do resto do país e de suas condições de existência num período muito particular da história do Brasil: toda a turbulência do período de transição do Império à República, os ecos do evolucionismo e do positivismo e a ideia da existência de um “povo brasileiro” entre a selvageria e a civilização. Este artigo destaca especificamente o livro “O homem”, a abordagem de seu autor sobre a miscigenação e as influências que, direta ou indiretamente, fazem-se presentes nas obras de Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) e Edgard Roquette-Pinto (1884-1954). O estudo contextualizado tem como objetivo detectar o quanto do pensamento que serviu de alicerce para a formação da Antropologia no Brasil, ainda no século XIX, persiste ainda hoje, só que com nova roupagem, para criminalizar grupos e movimentos sociais como o de Canudos.Downloads
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