Leishmaniose visceral canina autóctone em área indene no Centro Oeste de Minas Gerais, Brasil

Autores

  • Viviane Valadares Lamounier Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), Campus Centro Oeste, Divinópolis-MG, Brasil. Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Cláudio-MG, Brasil
  • Rafael Gonçalves Teixeira Neto Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), Campus Centro Oeste, Divinópolis-MG, Brasil
  • Valeriana Valadares Lopes Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), Campus Centro Oeste, Divinópolis-MG, Brasil
  • José Ronaldo Barbosa Fundação Ezequiel Dias (FUNED), Divisão de Epidemiologia e Controle de Doenças, Belo Horizonte–MG, Brasil.
  • Gilberto Fontes Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), Campus Centro Oeste, Divinópolis-MG, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.26605/medvet-n3-1779

Palavras-chave:

Leishmania infantum chagasi, diagnóstico imunológico, Calazar

Resumo

Objetivou-se relatar o primeiro caso autóctone de leishmaniose visceral canina no município de Cláudio-MG, Brasil. Com base no exame clínico foram constatados sinais sugestivos da doença em um cão macho, sem raça definida de aproximadamente sete anos. O animal foi submetido à colheita de sangue para realização dos testes imunológicos de imunocromatografia rápida (DPP®) e ensaio imunoenzimático (ELISA), obtendo-se resultados positivos para leishmaniose canina em ambos os testes. Após autorização do tutor foi obtida amostra de medula óssea do animal e posteriormente realizou-se a eutanásia e o exame necroscópico obtendo-se fragmentos de baço, linfonodos e pele. Amostras de medula óssea e tecidos foram utilizadas para realização dos exames parasitológicos, os quais demonstraram a presença do agente etiológico na forma amastigota. O fragmento de baço obtido na necropsia foi utilizado para identificação da espécie de Leishmania por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR). Foi demostrado pela PCR-RFLP a presença de Leishmania infantum, confirmando a infecção do animal pela espécie responsável pelo desenvolvimento da forma visceral da doença. Conclui-se com este resultado que a implantação de estratégias de prevenção e controle epidemiológico da leishmaniose visceral canina no município é importante, a fim de evitar a propagação da doença entre a população canina, bem como a transmissão a população humana.

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Publicado

31-12-2017

Como Citar

Lamounier, V. V., Teixeira Neto, R. G., Lopes, V. V., Barbosa, J. R., & Fontes, G. (2017). Leishmaniose visceral canina autóctone em área indene no Centro Oeste de Minas Gerais, Brasil. Medicina Veterinária, 11(3), 179–184. https://doi.org/10.26605/medvet-n3-1779

Edição

Seção

Medicina Veterinária Preventiva