Caracterização das lesões traumáticas em animais silvestres provenientes de uma área de Caatinga fragmentada no Baixo Jaguaribe, Ceará, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.26605/medvet-v17n4-6166Palavras-chave:
trauma, fraturas, politraumatismo, ação antrópicaResumo
Descrevem-se achados morfológicos de lesões traumáticas em animais de vida livre provenientes de uma área desmatada no estado do Ceará. Durante quatro meses, foi percorrida uma área de aproximadamente 400 hectares, na região do Baixo Jaguaribe, Ceará, Brasil. À medida que eram coletados, os animais eram encaminhados para identificação. Foram coletados apenas os animais encontrados mortos e, posteriormente, foram alocados em grupos de lesões pré-estabelecidas caraterizadas como: fraturas únicas, fraturas múltiplas, lesões craniais, mutilação, alterações cadavéricas, sem alterações, outros. Foram encontrados 342 animais, dos quais 96,78% corresponderam a répteis, 1,46% a anfíbios e 1,75% a mamíferos. Dentre os répteis, as famílias Amphisbaenidae (91), Teiidae (59), Dipsadidae (57) e Tropiduridae (35) foram as mais afetadas, enquanto anfíbios (Hylidae e Leptodactylidae) e mamíferos (Didelphidae, Dasypodidae e Caviidae) foram os menos observados. Lesões traumáticas equivaleram a aproximadamente 54% das lesões observadas, e corresponderam a fraturas, mutilações e politraumatismos. Considerando-se as fraturas e traumatismos, observou-se que aproximadamente 80% dessas categorias acometiam as regiões abdominal, pelve, membros posteriores e cauda, categorizando-se como traumatismo espinal-medular. Essas lesões podem ser observadas em animais domésticos decorrentes do atropelamento, contudo, são pouco descritas em animais silvestres e podem estar associadas a atividades antrópicas diversas, como o desmatamento. Este trabalho pode contribuir para estudos futuros sobre os indicadores do desequilíbrio ambiental. O diagnóstico patológico em animais de vida livre é um importante indicador de alterações ambientais e pode auxiliar no controle de óbitos nesses indivíduos.Downloads
Referências
Alves, R.R.N. et al. Hunting strategies used in the semi-arid region of northeastern Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 5:1-16, 2009.
Antongiovanni, M.; Venticinque, E.M; Fonseca, C.R. Fragmentation patterns of the Caatinga drylands. Landscape Ecology, 33: 1353-1367, 2018.
Arenales, A. et al. Pathology of free-ranging and captive Brazilian anteaters. Journal of Comparative Pathology, 180: 55-68, 2020.
Bastos, R.P.; Motta, J.A.O.; Lima, L.P.; Guimaraes, L.D. Anfíbios da floresta nacional de Silvânia, estado de Goiás. 1ª ed. Goiânia: Stylo Gráfica e Editora, 2003. p.29-33.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2016. Atualização e complementação do macrozoneamento ecológico-econômico da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80253/MacroZEE%20BHSF/diagnostico_atualizado/Diagnostico%20Fisico%20biotico%20-%20RF%20-%20T2.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2018.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2017. Caatinga – monitoramento do desmatamento dos biomas brasileiros por satélite. Relatório Técnico 2010-2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/index.php/comunicacao/agenciainformma?view=blog&id=20 6>. Acesso em: 29 abr. 2018.
Fichter, T. et al. Assessing the potential role of concentrated solar power (CSP) for the northeast power system of Brazil using a detailed power system model. Energy, 121: 695-715, 2017.
IPECE. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE). 2016. Perfil básico municipal 2016 de Quixeré. Disponível em: <https://www.ipece.ce.gov.br/2016/12/16/perfil-basico-municipal-2016/>. Acesso em: 29 abr. 2018.
Kles, M.; Sutton L. Forensic veterinary osteology. In: Byrd, J.H.; Norris, P.; Bradley-Siemens, N. Veterinary forensic medicine and forensic sciences. 1st ed. Florida: CRC Press Taylor & Francis Group, 2021. p.200-224.
Le Souëf, A.; Holyoake, C.; Vitali, S.; Warren, K. Presentation and prognostic indicators for free-living black cockatoos (Calyptorhynchus spp.) admitted to an Australian zoo veterinary hospital over 10 years. Journal of Wildlife Diseases, 51(2): 380-388, 2015.
Lee, A.K.; Mercer, E.H. Cocoon surrounding desert-dwelling frogs. Science, 157(3784): 87-88, 1967.
McCrary, M.D., McKernan, R.L, Flanagan, P.A.; Wagner, W.D. U.S. Department of Energy. Office of Scientific and Technical Information. Wildlife interactions at solar one: final report. 1984. Disponível em: <https://www.osti.gov/biblio/5229811>. Acesso em: 05 ago. 2023.
Navas-Suárez P.E. Pathological findings in lowland tapirs (Tapirus terrestris) killed by motor vehicle collision in the Brazilian Cerrado. Journal of Comparative Pathology, 170: 34-45, 2019.
Ribeiro, E. et al. Chronic anthropogenic disturbance drives the biological impoverishment of the Brazilian Caatinga vegetation. Journal of Applied Ecology, 52: 611-620, 2015.
Turney D.; Fthenakis V. Environmental impacts from the installation and operation of large-scale solar power plants. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 15(6): 3261-3270, 2011.
Orsini, H.; Bondan, E.F. Fisiopatologia do estresse. In: Cubas, Z.S.; Silva, J.C.R.; Catão-Dias, J.L. Tratado de animais selvagens: medicina veterinária. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2014. p.35-45.
Werner, P.R. Etiologia. In: Patologia geral veterinária aplicada. São Paulo: Roca, 2015. p.15-48.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Elizandra Teixeira Melo, Silvio Miguel Castillo Fonseca, João Paulo Gomes da Silva, Laís Peralva de Souza Vilas Boas, Telma de Sousa Lima, Ricardo Barbosa Lucena
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
- A Revista de Medicina Veterinária permite que o autor retenha os direitos de publicação sem restrições, utilizando para tal a licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0.
- De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- NãoComercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
- CompartilhaIgual — Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.