Perfil epidemiológico e geoespacial do comércio ilegal de animais silvestres no estado de Alagoas, nordeste do Brasil

Autores

  • Valdir Vieira da Silva Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos, Universidade Federal de Alagoas, Viçosa-AL, Brasil https://orcid.org/0000-0002-3963-4719
  • Larissa Luciano de Oliveira Ferro Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos, Universidade Federal de Alagoas, Viçosa-AL, Brasil https://orcid.org/0009-0008-1464-5594
  • Laís Caroline Gomes Ramos Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos, Universidade Federal de Alagoas, Viçosa-AL, Brasil https://orcid.org/0000-0003-2077-3986
  • Ana Cecília Pires de Azevedo Lopes Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Maceió-AL, Brasil https://orcid.org/0009-0006-8557-3896
  • Epitácio Correia de Farias Júnior Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Maceió-AL, Brasil https://orcid.org/0009-0009-0185-6496
  • Jonatas Campos de Almeida Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos, Universidade Federal de Alagoas, Viçosa-AL, Brasil https://orcid.org/0000-0002-2282-4268

DOI:

https://doi.org/10.26605/medvet-v19n1-6951

Palavras-chave:

centro de triagem de animais silvestres, tráfico de animais silvestres, geoprocessamento

Resumo

Objetivou-se determinar o perfil epidemiológico e geoespacial dos mamíferos, aves e répteis silvestres resgatados em situação de tráfico ou ilegalidade no estado de Alagoas. Um estudo retrospectivo foi desenvolvido utilizando dados do sistema de registro de ocorrências do Centro de Triagem de Animais Silvestres de Alagoas. Para o perfil epidemiológico das espécies silvestres registradas, foram considerados o tipo de ocorrência, o destino dos animais após reabilitação e o grau de risco de extinção. O software QGIS 3.24.3 foi utilizado para proceder a etapa de geoprocessamento. No período analisado, foram resgatados 3.278 mamíferos silvestres com destaque para Bradypus variegatus. Com relação à origem dos animais, 50,43% (1.653) dos casos foram resgates e, quanto ao destino dos animais, 43,44% (1.424) das situações terminaram em soltura. Nove espécies foram classificadas em graus preocupantes de extinção. Com relação às aves silvestres, foram recebidos 12.056 animais com destaque para Sporophila nigricollis. Com relação à origem dos animais, 43,65% (5.263) dos casos foram resgates e, quanto ao destino dos animais, 47,68% (5.748) resultaram em soltura. Apenas Amazona aestiva foi classificada como quase ameaçada. No período analisado foram resgatados 1.494 répteis silvestres com destaque para Chelonoidis carbonaria. Com relação à origem dos animais, 35,54% (531) dos casos foram oriundos de resgate e, quanto ao destino dos animais, 79,12% (1.182) terminaram em soltura. Apenas Chelonia mydas e Chelonoidis carbonaria foram classificadas como vulnerável. Através do geoprocessamento evidenciou-se a importância da rodovia BR-101 para as atividades ilegais de tráfico de animais. Os dados indicam que o tráfico de animais silvestres em Alagoas favorece condições para o surgimento e disseminação de zoonoses. O papel das rodovias federais no tráfico de espécies silvestres fica evidente, sendo necessário ampliar ações de fiscalização em regiões críticas, associadas à educação popular.

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Publicado

30-04-2025

Como Citar

Silva, V. V. da, Ferro, L. L. de O., Ramos, L. C. G., Lopes, A. C. P. de A., Farias Júnior, E. C. de, & Almeida, J. C. de. (2025). Perfil epidemiológico e geoespacial do comércio ilegal de animais silvestres no estado de Alagoas, nordeste do Brasil. Medicina Veterinária, 19(1), 84–94. https://doi.org/10.26605/medvet-v19n1-6951

Edição

Seção

Medicina Veterinária Preventiva

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