Avaliação e potencial de redução de perdas de água em cidades do Estado de Pernambuco com escassez hídrica e abastecimento intermitente

Autores

  • Amanda Almeida de Oliveira Figueiredo Universidade de Pernambuco
  • Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral Universidade de Pernambuco
  • Simone Rosa da Silva Universidade de Pernambuco
  • Saulo de Tarso Marques Bezerra Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.24221/jeap.8.3.2023.5465.212-225

Palavras-chave:

recursos hídricos, saneamento, sistema de abastecimento de água, perdas de água, indicadores de desempenho, eficiência hidráulica

Resumo

Diversas cidades no Agreste e Sertão do Estado de Pernambuco apresentam períodos prolongados de seca e escassez hídrica. Assim, essas cidades adotaram um regime de fornecimento intermitente de água, como alternativa para economizá-la durante os períodos de seca. Apesar dessa situação, o índice de perdas de água na distribuição supera os 50%, ou seja, perde-se mais da metade de toda a água tratada que é fornecida para o abastecimento destas cidades. O estudo analisou o sistema de distribuição de água das cidades de Caruaru e Salgueiro (Estado de Pernambuco), propondo alternativas para mitigar os efeitos da escassez hídrica e da intermitência do abastecimento por meio do combate às perdas de água. A metodologia consistiu no levantamento de dados, pesquisa documental, cálculo de indicadores de desempenho e análise dos resultados. No período de 2012 a 2016, o volume de água perdido totalizou 72,25 milhões de m³ nessas cidades, representando quase 50% da produção de água da concessionária. O índice de perdas, em Caruaru, foi superior a 50% durante vários meses e, em Salgueiro, superou 25% em todo o período avaliado. Os resultados demonstraram um potencial para implantação de programas de combate às perdas e que a intermitência possui um efeito prejudicial sobre a integridade física da rede, culminando em uma medida não efetiva para o racionamento.

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Biografia do Autor

Amanda Almeida de Oliveira Figueiredo, Universidade de Pernambuco

Mestre e Engenheira Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco na Universidade de Pernambuco (UPE). Atuou como bolsista de mestrado e extensão pela FACEPE e em iniciação científica pelo PFA e PBIC na área de recursos hídricos. Profissional com compreensão em português, inglês e francês, tendo 6 anos de experiência relacionadas à projetos de arquitetura, monitorização de obras, relatórios de inspeção predial, utilização de softwares de computador (AutoCAD, MS Office, Revit), relatórios de impacto ambiental de projeto e construção, resolução problemas técnicos e contato atendendo clientes.

Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral, Universidade de Pernambuco

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, PhD em Métodos Computacionais Aplicados à Engenharia - Wessex Institute of Technology (Inglaterra), Pós-doutorado pela Universidade do Mississippi (USA) e Livre Docente pela Universidade de Pernambuco. Professor Associado da Universidade de Pernambuco (UPE) e professor Titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tem experiência em Recursos Hídricos (Água Subterrânea e Drenagem Urbana) e em Métodos Numéricos aplicados à engenharia. Nos últimos anos tem atuado principalmente nos seguintes temas: manejo sustentável de águas pluviais urbanas, salinização de água subterrânea, subsidência de solos devido à explotação de aqüíferos, revitalização de rios urbanos, gestão de bacias hidrográficas, e modelagem computacional.

Simone Rosa da Silva, Universidade de Pernambuco

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1989), mestrado em Engenharia Civil pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS (1993) e doutorado em Engenharia Civil com ênfase em Recursos Hídricos e Tecnologia Ambiental pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Atualmente é Professora Associada da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, docente permanente do Mestrado em Engenharia Civil e Secretária Executiva de Recursos hídricos de Pernambuco. As principais áreas de atuação são hidrologia, gestão de recursos hídricos e segurança de barragens.

Saulo de Tarso Marques Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco

Professor Associado do curso de Engenharia Civil e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental do Campus Agreste da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Possui graduação em Engenharia Civil, mestrado em Engenharia Civil e Ambiental, e doutorado em Engenharia Mecânica, ênfase em Automação. Tem experiência na área de Engenharia Hidráulica, atuando principalmente nos seguintes temas: projeto, modelagem computacional e calibração de sistemas de distribuição de água; técnicas de otimização; eficiência energética e hidráulica de sistemas de abastecimento de água; gestão da demanda e uso racional de água no meio urbano. Nos últimos cinco anos, orientou cerca de 50 estudantes em trabalhos de conclusão de curso, iniciação científica, mestrado e doutorado. Autor de mais de 150 publicações técnico-científicas, que incluem livros, capítulos de livros, e artigos em revistas e congressos. Autor do livro "Perdas de Água: Tecnologias de Controle", financiado pela Eletrobrás no âmbito do PROCEL SANEAR. Atualmente, coordena projetos de pesquisa financiados com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE), e da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA). Dentre as atividades de inovação e popularização de C&T, destaca-se a atuação em projetos de desenvolvimento tecnológico com companhias de saneamento e a participação como instrutor de cursos de atualização técnica oferecidos a profissionais do setor de água.

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Publicado

2023-08-23

Como Citar

Figueiredo, A. A. de O., Cabral, J. J. da S. P., Silva, S. R. da, & Bezerra, S. de T. M. (2023). Avaliação e potencial de redução de perdas de água em cidades do Estado de Pernambuco com escassez hídrica e abastecimento intermitente. Journal of Environmental Analysis and Progress, 8(3), 212–225. https://doi.org/10.24221/jeap.8.3.2023.5465.212-225