Efeito da fragmentação da vegetação sobre a diversidade de abelhas: comparando padrões de resposta em Euglossini e Meliponini
DOI:
https://doi.org/10.24221/jeap.9.3.2024.6005.169-178Palavras-chave:
abelhas, cerrado, efeito de borda, impactos humanos, linhas de transmissãoResumo
As abelhas são importantes visitantes florais que necessitam de ambientes bem estruturados com diversidade de recursos para seu forrageamento. A fauna de abelhas vem sofrendo declínio de espécies devido às mudanças antrópicas dos habitats naturais. O estudo objetivou avaliar se a abertura da vegetação natural afeta as comunidades de abelhas em áreas de Floresta Semidecidual do sudeste do Brasil. Nossa hipótese foi que a abertura da vegetação gera um efeito de borda que afeta diferentemente as comunidades de abelhas das tribos Euglossini e Meliponini. Esperávamos que a ocorrência de abelhas Meliponini fosse maior nas áreas próximas à borda, enquanto as abelhas Euglossini fossem mais frequentes em áreas mais distantes da borda. O estudo foi realizado na região central do estado de Minas Gerais, municípios de Ouro Preto, Itabirito e Sabará. Em cada local foi amostrada uma área aberta pela faixa de servidão de uma linha de transmissão onde foram estabelecidos cinco transectos distanciados a 0 m, 50 m e 100 m da área aberta. Registramos 642 indivíduos de 38 espécies de abelhas. As espécies mais abundantes foram Trigona hyalinata (N = 230), Trigona spinipes (N = 108) e Tetragonisca angustula (N = 86). A riqueza e abundância de abelhas foram significativamente maiores nos transectos das áreas abertas (0m), padrão fortemente afetado pelas abelhas Meliponini. No entanto, analisando apenas Euglossini, encontramos maior abundância no transecto mais distante da área aberta. Nossos resultados corroboram a hipótese de que a abertura da vegetação afeta diferentemente as abelhas Euglossini e Meliponini.Downloads
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