A Legalização da Maconha no Brasil: Desenvolvendo Diálogos Decoloniais no Ensino de Química
DOI:
https://doi.org/10.53003/redequim.v10i1.6259Palavras-chave:
Maconha, Direitos Humanos, Ensino de QuímicaResumo
A maconha tem um processo de proibição no Brasil baseado em racismo e eugenia há mais de três séculos. A luta pela sua legalização para fins medicinais tem sido constante. Levantando questões sobre sua legalidade e relacionando-a ao Ensino de Química, surge a questão de pesquisa deste artigo: Como dialogar e debater a legalização da maconha em salas de aula de Química de cursos do ensino superior no Brasil, visando descolonizar a história da criminalização da maconha e legalização do cultivo domiciliar? Foi elaborada uma sequência didática que promoveu diálogos sobre a maconha em espaços de Ensino da educação superior baseada em Sequência Didática CTS-Arte, utilizando a Educação em Direitos Humanos e a Decolonialidade. As turmas participantes foram da disciplina de Química Orgânica dos cursos de Bacharelado em Agroecologia, Biologia e Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco. A sequência CTS-Arte “Fumo de Negro” foi aplicada em um contexto de aulas remotas, que dificultou a interação e participação nas atividades de forma geral, impactando na adesão das ações desenvolvidas. Ao analisar as atividades concluímos que, apesar das dificuldades enfrentadas, o engajamento das e dos estudantes na tentativa de reconhecer a verdadeira história da maconha e estabelecer conexões com a Química foi expressivo. A aplicação da sequência CTS-Arte mostrou-se promissora para a discussão de temas que ainda não estão suficientemente integrados ao Ensino de Química.Downloads
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