Práticas de ensino da escrita na escola
a instituição da autoria em questão
Palavras-chave:
ensino de português, escrita, autoriaResumo
Nas práticas tradicionais de escrita escolar, é comum os alunos não dizerem a sua palavra; frequentemente, repetem o que já foi dito, usando modelos de escrita com configurações textuais e expressões linguísticas legitimadas. Nesta pesquisa, tivemos como objetivo investigar se as práticas de ensino da escrita têm contribuído para a instituição da autoria dos textos pelos alunos. Partindo da concepção de língua como discurso, defendemos um ensino da produção textual em que haja deslocamento da “reprodução” para a “produção de discursos”, na qual o aluno é desvelado como sujeito-autor que produz textos efetivamente assumidos por ele (GERALDI, 1997). Partindo de uma abordagem qualitativa, observamos as práticas de duas professoras de língua portuguesa dos anos finais do ensino fundamental da rede pública de ensino de Pernambuco. Nas análises, verificamos se as propostas de produção das docentes implicaram engajamento efetivo dos alunos em projetos de escrita. Das quatro produções observadas, vimos que em apenas uma proposta – escrita de currículos – os alunos se envolveram efetivamente no processo de escrita textual. Nas demais (produção de poemas e notícias), os alunos pareciam não ter motivação para escrever, preocupando-se, principalmente, em dar conta de uma tarefa escolar nos moldes indicados pelas professoras. Diante dos achados, levantamos a hipótese de que o engajamento dos aprendizes nas atividades foi maior na situação didática que se baseou numa realidade vivida por eles e que, por isso, despertou-lhes o interesse de aprender a produzir textos de configurações específicas e de se colocarem enquanto potenciais autores em situações significativas de interação.Downloads
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