A reescrita como prática de uma avaliação formativa
Palavras-chave:
ensino de língua portuguesa, avaliação formativa, formação docente inicial, escrita, reescritaResumo
O processo avaliativo é, em geral, concebido como mero instrumento de mensuração de aprendizagem a partir de provas, testes ou produções escritas. Discordando da tese da avaliação como produto de simples mensuração e classificação, objetivou-se, neste trabalho, discutir como os sujeitos graduandos da licenciatura inseridos no Programa de Iniciação à Docência tem adotado a escrita como objeto de ensino-aprendizagem numa avaliação formativa. Partindo do pressuposto de que a prática da avaliação deve ser discursiva (SUASSUNA, 2014, 2006) e de que qualquer produção de texto escrito precisa de uma ação-reflexão-ação, compreende-se que o ensino-aprendizagem do texto escrito deva contemplar planejamento, produção e revisão. Para a realização desta discussão, foram analisados dez questionários respondidos voluntariamente à época, em 2017, por bolsistas e ex-bolsistas de Iniciação à Docência. O questionário continha quatro questões abertas solicitando descrição concisa da sequência didática de produção escrita e (auto)avaliação da intervenção proposta em sala de aula no ensino básico. Dos dez sujeitos-informantes, oito realizaram produção escrita e, pelo menos, uma refacção. De forma unânime, foi apontado pelos graduandos em formação docente inicial a melhoria das produções após revisão, sem, no entanto, haver precisão na constatação das mudanças percebidas. Concluiu-se que, embora tenha havido poucas intervenções de produção escrita e grandes dificuldades na apreciação das mudanças e descrição do que foi identificado como melhoria na reescrita dos textos, a representação dos futuros professores quanto ao ensino aprendizagem da escrita é que essa deve ser vivenciada e refletida pelos aprendizes a partir de um processo discursivo e interacional entre professor e aluno.Downloads
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