COLONIALIDADE DO PORTUGUÊS EM MOÇAMBIQUE

EMBATE NO DESENVOLVIMENTO DAS LÍNGUAS BANTU

Autores/as

  • Luis Ausse Departamento de Letras e Linguística, Universidade Federal do Espírito Santo
  • João Claudio Arendt Departamento de Letras e Linguística, Universidade Federal do Espírito Santo https://orcid.org/0000-0002-2587-2521

Palabras clave:

Colonialidade; Eurocentrismo; Línguas Bantu; Português

Resumen

A Constituição da República de Moçambique defende a valorização das línguas moçambicanas de origem bantu; um cenário de planificação linguística, a priori, que se mostra favorável ao desenvolvimento e ensino das línguas bantu. Porém, o fosso e distanciamento entre essas línguas locais e a língua portuguesa demonstra-se maior; sendo que, a última é tida como língua de ensino, de unidade nacional e de caráter administrativo, o que lhe confere um estatuto forte diante das restantes. Neste âmbito, o presente artigo, de base bibliográfica e performática, objetiva discutir aspectos de política linguística instituída no país e os resultados mostram que dada a hegemonia do português, a percentagem de falantes deste idioma vai aumentando de ano para ano, aliada à implantação de instituições de controlo linguístico, o que vai eternizar a colonialidade de poder, de saber e de linguagem, consubstanciada no epistemicídio e linguicídio e, consequentemente, a eliminação da cultura do povo, uma vez que a língua é o veículo de todas as manifestações culturais. Portanto, ensinar, promover e manter as línguas nativas dos povos é uma questão de direito humano, pois, as línguas naturais são uma realidade constituída coletivamente e é na comunidade, que se está disponível para o seu uso individual como instrumento de unidade, identificação, comunicação e expressão criadora e deve-se defender o direito de todas as comunidades linguísticas como iguais, independentemente do seu estatuto jurídico (UNESCO,1996).  

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Biografía del autor/a

Luis Ausse, Departamento de Letras e Linguística, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutorando em Letras, pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Gestão e Administração Educacional, pela Universidade Católica de Moçambique. Bacharel e Licenciado em Ensino de Português pela Universidade Pedagogica de Mocambique. Pesquisador em "Ancestralidade, Narrativas Míticas e Línguas moçambicanas", tendo lançado um pequeno dicionário Yao-Português e Português-Yao, intitulado "Vocabulário de Ciyao. Atualmente, é bolseiro da FAPES.

João Claudio Arendt, Departamento de Letras e Linguística, Universidade Federal do Espírito Santo

Professor voluntário permanente no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Possui Estágio Pós-doutoral no Instituto Latino-americano da Universidade Livre de Berlim (2011); Doutor em Teoria Literária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2000); Mestre em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1996); Licenciado em Letras Português/Alemão pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1993). É coordenador do GT História da Literatura da ANPOLL. Foi Professor-visitante no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Mato grosso do Sul (2019-2020) e coordenador dos Programas de Mestrado em Letras e Cultura da Universidade de Caxias do Sul e do Doutorado em Letras - Associação Ampla UCS/Uniritter (2013-2017). Seus interesses de pesquisa recaem sobre leitura e recepção, história literária, sistema literário, identidade regional e regionalidade na literatura brasileira. Foi fundador e editor-chefe da Revista Eletrônica ANTARES: LETRAS E HUMANIDADES (2009-2019). É poeta e tradutor. 

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Publicado

2025-11-14

Cómo citar

Ausse, L., & Arendt, J. C. (2025). COLONIALIDADE DO PORTUGUÊS EM MOÇAMBIQUE: EMBATE NO DESENVOLVIMENTO DAS LÍNGUAS BANTU. Entheoria: Cadernos De Letras E Humanas , 11(01), 120–137. Recuperado a partir de https://journals.ufrpe.br/index.php/entheoria/article/view/5485