SÓ PODIA SER DE PERNAMBUCO: DA ESTEREOTIPIA À RESISTÊNCIA NO ESPAÇO DIGITAL
Palavras-chave:
Análise do Discurso, Discurso de Estereotipia, Memória discursiva, Resistência, PernambucanidadeResumo
Esta abordagem, filiada ao campo teórico-metodológico da Análise de Discurso (AD), reflete sobre questões relacionadas aos movimentos de (des)identificação com os discursos que os atravessam, interpelam e constituem nossas práticas sociais, especialmente àquelas que ocorrem nos espaços digitais das redes sociais. À guisa do que nos ensinam Michel Pêcheux e Eni Orlandi, buscamos compreender os efeitos de sentido atravessados no tuíte-enunciado “Só podia ser de Pernambuco” e para tal, articulamos, em nosso horizonte teórico-análítco: os movimentos de identificação e a inscrição do sujeito na formação discursiva (FD) da Pernambucanidade nos/pelos funcionamentos de paráfrase e polissemia (ORLANDI, 2015) e a relação entre repetir/deslocar que se estabelece com as formações imaginárias sobre o pernambucano e a memória discursiva. A partir dessas considerações teóricas, nosso corpus está estruturado em sequências discursivas (SDs) que se (des)organizam em torno da heterogeneidade do discurso da pernambucanidade e que abrem as identificações para o diferente, o não homogêneo, a contracultura, o equívoco e periférico que está em pleno confronto com regiões estabilizadas e privilegiadas de saber. Assim, os gestos de leitura apresentados dão a ver que o sujeito-navegador toma posição com a emergência de sentidos erráticos, dissonantes da hegemonia, filiando-se aos dizeres da pernambucanidade como forma de resistência à estereotipia.Downloads
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