Tradição e formulaicidade em textos da religiosidade popular
Palabras clave:
formulaicidade, fraseologia, tradição oral, folia de reis, religiosidade popularResumen
Neste estudo tomamos a noção de formulaicidade para compreender como se operam os textos dos autos natalinos brasileiros, reiterados em outras performances tradicionais das culturas populares. O uso de expressões fraseológicas se faz como Tradições Discursivas Orais que se configuram através da cadeia da oralidade popular, que, segundo Xatara e Oliveira (2008), constituem-se como unidades lexicais fixas, consagradas por falantes de uma língua, que as recolhem a partir de experiências vividas, formulando enunciados figurados, sucintos e completos, com o intuito de ensinar, mitigar, aconselhar, admoestar, repreender, persuadir, etc. Nas Folias de Reis, a relação entre a igreja e a vivência popular é representada pela palavra que se enuncia como lembrança, memória-em-ato, ressonância ilimitada no curso de si (ZUMTHOR, 2010, p. 12). Nessa perspectiva, a plurissignificação fraseológica na religiosidade popular vislumbra sua representatividade, nitidamente observável pelos significados que esta carrega. Neste trabalho, fazemos um breve levantamento dos constituintes discursivos de base sociocultural, a fim de demonstrarmos que as expressões fraseológicas dentro das Folias de Reis encontram-se cristalizadas e recorrentes, mas que se podem ter graus distintos de fixidez lexicais. Além disso, observamos que essas construções fraseológicas são, em rigor, aquelas estabilizadas pela língua/linguagem, mas estas não se cristalizam a um tipo de texto específico, uma vez que são absorvidas por uma comunidade linguística, considerando a sintonia entre a sua produção e obviamente o seu uso em situação de performance. E disso, resultam constituintes específicos que envolvem as propriedades para seleção das bases semânticas, sintáticas, fonológicas e lexicais (BRAGANÇA JÚNIOR, 1999, p. 8).Descargas
Citas
BARBOSA, E. Gaston Bachelard: o arauto da pós-modernidade. 2. Ed. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 1996.
BARTHES, R. O prazer do texto. Tradução de Maria Margarida Barahona. São Paulo: Coleção Signos, 1973.
BRAGANÇA JÚNIOR, A. A. Os provérbios em latim medieval como espelho social – uma abordagem histórico-linguística. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Letras, 1999. Disponível em: http://www.gelne.ufc.br/revista_ano4_no2_35.pdf. Acesso em 07 de março de 2012.
HORA, D. & SILVA, C. R. Para a História do Português Brasileiro. João Pessoa: Ideia/Editora Universitária, 2010. In: JUBRAN, C. C A. S. Diacronia dos processos constitutivos do texto: abordagens e perspectivas, vol. VIII.
CARVALHO, C. de. Para compreender Saussure. 5. ed. Coleção Linguagem, nº 28 RJ: Editora Rio, 1987.
CAZELATO, S. E. de O. A ocorrência espontânea de expressões formulaicas no contexto patológico: estudo da competência pragmático-discursiva. Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Laboratório de Neurolinguística (LABONE/CCA). Estudos Lingüísticos XXXV, p. 1786-1792, 2006. [1787/1792]
GOMES, V. S. Traços de mudança e de permanência em editoriais de jornais pernambucanos: da forma ao sentido. Walter de Gruyter GmbH & Co. KG, Berlin/New York, 2010.
LOBO, T. Para a história do Português Brasileiro. KABATEK, J In: Tradições discursivas e mudanças linguísticas. Salvador: EDUFBA, 2006.
LOPES, A. C. M. Texto Proverbial Português: elementos para uma análise semântica e pragmática. Coimbra, 1992 (tese de doutoramento).
LOPES, C. Tradições discursivas e mudanças no sistema pronominal de tratamento no português brasileiro. In: I Seminário do PHPB no RN, 2010.
MARTINS, M. A. & TAVARES, M. A. (Org). História do Português brasileiro no RN: análise linguística e textual da correspondência de Luís da Câmara Cascudo a Mário de Andrade – 1924 a 1944. In: SÁ JÚNIOR, L. A. Traços de permanência e mudança da memória ibérica no Rio Grande do Norte. Natal, RN: EDUFRN, 2012.
PRETI, D. (Org) Variações na fala e na escrita. In: _____. A propósito do estudo da variação linguísticas falada, por meio de textos escritos. NURC/SP: Humanitas, 2011.
SÁ JÚNIOR, L. A. Traços de permanência e mudança da memória ibérica no Rio Grande do Norte, UFRN, 2011.
XATARA, C. M & OLIVEIRA, W. L. Novo PIP - Dicionário de provérbios, idiomatismos e palavrões em uso (Francês-português / português-francês). 2 ed. Editora da Cultura, 2008.
ZUMTHOR, P. A letra e a voz: a “literatura” medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
_____. P. Introdução à poesia oral. São Paulo: Hucitec, 1997.
_____. P. Introdução à poesia oral. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e Maria Lúcia Diniz Pochat. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
_____. Performance, recepção e leitura. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: EDUC, 2000.
_____. Escritura e nomadismo: entrevistas e ensaios. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Sonia Queiroz, Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2005.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Encontros de Vista
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.
Política de Acesso Livre
A Encontros de Vista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento acadêmico-científico ao público proporciona maior democratização do conhecimento. Não são cobradas taxas ou encargos em nenhuma instância do processo de submissão e publicação.